SE VOCÊ TEM FICADO MUITO AGRESSIVO ULTIMAMENTE… LEIA ISTO

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Eu não consigo controlar a minha agressividade. Eu não era assim. Eu não sei o que está acontecendo comigo. São queixas que ouço, quase diariamente, em minha atividade psicanalítica. Num mundo individualista e imediatista as pessoas não toleram perder e nem esperar muito para conseguir. Numa sociedade competitiva, ser agressivo é colocado quase como uma necessidade. O outro é sempre um concorrente que precisa ser eliminado. A ideia de superação dos próprios limites, como uma luta diária por metas, gera uma tensão e um modo de vencer a qualquer custo. Algumas pessoas levam isso ao pé da letra e terminam adoecidas psicologicamente. Numa sociedade sob o imperativo da concorrência, estamos sempre com duas pedras nas mãos porque o outro é sempre um adversário perigoso. O mundo se resumiu em perder ou ganhar. Ninguém pode ter problema pessoal. Criamos uma sociedade de robôs. Esquecemos que estamos lidando com seres humanos. Reina a intolerância. Tudo é tenso, rígido, automático. As pessoas conversam entre si como se fossem atendentes de call center.Perdemos a espontaneidade. Ninguém pode se mostrar vulnerável. Tudo ficou melindroso. Existem cursos que ensinam como vencer na vida, como se impor em público, enfim, como ganhar notoriedade e muito dinheiro. Leia-se: como vencer pela agressividade. Tudo é uma questão de performance. Vivemos em um mundo psicologicamente armado. As pessoas estão se blindando cada vez mais. Tudo tem que ser, milimetricamente, planejado. As regras têm que ser repetidas várias vezes e em tom de ameaça. Só existe um jeito. Advertência verbal, advertência escrita e aplicação de punição, virou rotina. Paira um medo no ar. Vivemos numa sociedade em que é necessário fazer um combinado o tempo todo. É o cúmulo da aplicação do tecnicismo na interação entre as pessoas. Perder a paciência virou rotina no ambiente familiar e profissional. Afastamento do trabalho por depressão e síndrome do pânico, também. Assédio moral é assunto recorrente na justiça do trabalho. As pessoas que não se adaptam ao modelo são taxadas de lerdas, retardas e incompetentes.  Expressar afeto em público virou sinônimo de fraqueza. Ninguém pode manifestar carência afetiva. Isto é coisa de gente fraca. Não há troca livre de afeto. Afeto se compra com imagem e exibição de objetos de consumo. Não existe gratuidade. Tudo tem um preço. O mundo perdeu o senso do perdão, do acolhimento, da perda de tempo, do entendimento, da tolerância, da generosidade e da doação. Viramos coisas. Afinal, você serve para quê?

Autor: Evaristo Magalhães – Filósofo e Psicanalista

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